quarta-feira, 3 de agosto de 2011


A criatividade estendeu-se
Por cima de todas as cores.
Sorte é ser letra, poesia, soneto:
Já vêm prontos
Cores precisam de mistura
De tato
De paciência
E de atenção
Misturam-se na tela
Na parede
E no céu feito avião
Letras pedem cérebro
Papel
Caneta
E ilusão.
São difíceis de lidar
Puxam todo o nosso amor
E depois ficam lá congeladas
De sopetão.
Bom é nascer artista com o dom
Fazer arte e sentir-se satisfeito
Feliz como o violinista
Que achou o tom
Bom é ilustrar a vida
Colorir a sorte
Cantar uma lembrança
Pintar uma saudade...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sou forte. Sou forte porque não me sinto sozinha quando estou de fato sozinha em meio a uma multidão, sou forte porque me sinto sozinha dentro de minha própria casa. Sou forte porque aprendi a esquecer a solidão dentro da minha própria casa. Sou forte porque não fico sozinha na verdade: Fico comigo mesma e gosto da companhia.
Choro, não como, fumo, bebo, xingo, choro de novo. Mas depois passa e fico ainda mais forte. Riu, lembro, apaixono-me, alegro-me, vejo os filmes que mais gosto trezentas vezes e fico com Deus. Mas depois passa TAMBÉM e fico ainda mais forte.
Nasci sozinha, morrerei sozinha. Só eu e o útero e depois só eu e um caixão. Pra que desesperar? Sou forte, não é por acaso.

terça-feira, 24 de maio de 2011


Cultive a doçura que há
Porque em toda criatura
Há o doce
E há o salgado
Há o azedo e há o tarado
Há o que a gente quer ver
Como que seres embriagados de si
Continuamos acreditando no ser.

sábado, 16 de abril de 2011

Menina-flor.

A carta não havia sido entregue
E a menina engolia agora torto
Todos os desabafos ditos somente debaixo de seu cobertor.
Nesses desabafos ela gritou, esperneou, chorou
Mas tudo permaneceu mudo, calmo, intacto.

A menina era de terremotos discretos
Ela era isso (sem melhor definição):
Um terremoto discreto.
Nascera assim, que culpa tinha a pobre atrapalhada?
Não chorara muito alto
Quando viu a luz na primeira vez.
Ela era assim
Gritava por dentro
E tinha medo por fora.
Como uma cápsula mal resolvida, atormentada
Nascera assim, que culpa tinha a pobre maluca?

É evidente que o descompasso terreno
Não era de grande ajuda
Para a formação de seu jeito de ser
E nem para as crenças que tal criatura possuía
Mas percebo que essa é uma forma de salvar-se
De fugir, de respirar fundo
E acreditar na própria energia da convicção de ser.

A menina gostava sobretudo
Das coisas que conversava consigo mesma
Como se fosse essa sua melhor parte
E talvez fosse.
Quem passa uma tarde
E depois um pôr-do-sol
Em qualquer que fosse o lugar
Com qualquer que fosse o humor dela
Saberia claramente disso.

A menina encanta, desencanta
Deixa partes suas nas pessoas
E depois parte.
Sofre e faz sofrer.
Pobre atormentada, é uma flor.
Alegre, amarga, doce, triste, bonita...
É uma flor.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


Declarei o fim para os lençóis que dormi com energia pesada, amassada, mal tratada: Fim. A cama, mais leve agora, pesou somente a alegria e a limpeza. Afinal, coisas boas também pesam, mesmo que pouco. Não permito mais corpos alheios em meus lençóis, o que desconheço não me soa bem agora e o que conheço e sei que não presta, abomino. Meus lençóis são agora exigentes (mais do que nunca). Dormir e velejar sem sair de mim agora é leve, calmo, bonito. Porque o segredo é esse. A vida nem sempre me dará laranjas, vezes ela acha que deve me dar limões... Cabe a mim usar da malícia já nascida em meu corpo e pegar os limões e fazer uma bela limonada, com muito açúcar e afeto. Penso que a vida me trará as laranjas na hora certa e não quando eu mais as quero ou preciso. E se a vida decidir não me trazer frutas... Lavo meus lençóis.

(Ah, a vida é bela ué!)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Mariana nasceu e se criou ali. Não fora criada; Criou-se. Desde menina se virava por entre as ruazinhas nada perigosas e com cheiro bom.
A menina não entendia o que seria se tivesse de viver uma realidade além daquela, ela a estranhava e a rejeitava de seu corpo, como se realmente a pudesse exclui-la de todo o
cosmos.
Dava a noite e ela não pensava duas vezes: Sabia que rotina passava longe daquele lugar, ao menos para ela. Mariana tinha um quê de magia em si, porque tudo que lhe pertencia na vida tornava-se especial e doce. Seria sua criação naquele lugar que a fizera ser assim? Os mal-casados do bairro achavam que não; Quem via de fora acreditava que sim.

Ela era danada, tinha um amor de ser, mas não era santa. Aprontava e tinha coragem de botar a culpa nos moleques da redondeza. Eles, novinhos e ingênuos, temiam, e diziam que sim.
As noites ali só eram calmas pra quem via do mapa. Havia por trás daquelas construções históricas uma certa malícia não anunciada, havia impregnado naquelas paredes casos, acasos e destinos. Quem mora ali sabe bem disso e disfarça como uma dama. A menina não tinha segredos: O vilarejo a fez uma pessoa muito expressiva. Criou-se lá. O que mais dizer? Loucuras geram felicidades!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A auto-análise, essa sim resolve.
É perceber nossos porques
É ir fundo no nosso próprio vazio,
na nossa própria sujeira,
na nossa própria lama - Na nossa mais salgada lágrima.

Pedir conselhos alheios nem sempre resolve
Aliás!
quase NUNCA resolve
Porque quem manda em nós mesmos somos única e exclusivamente nós mesmos.
As vezes nem em destino eu acredito.

Do what you WANNA do

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O som do meu pensamento
Era mais alto do que a realidade que me cercava
A água do chuveiro caia agressiva e torta
O rádio gritava melodias.
Ainda assim o som do meu pensamento era mais maçante.


O tempo passa
Passa o dia
Passa a hora e o café.
Passa o trem
Passa o boi
Passa boiada
Passa roupa e minha fé.


Eu a fim de me distrair
Invento que passo por aí também.
Sabe o que é? Não gosto de rotina.






domingo, 10 de outubro de 2010

Lua nova


Naquele dia e naquela noite, naquela hora, daquele relógio, o que me acalmava era o som da minha própria voz rezando baixinho, doce como a mãe dentro de mim que sempre há de me acolher. Porque nem mesmo um mural cheio de fotos de momentos que sorriem me faziam tão bem mais.
(Naquele dia, daquela noite, eu senti.)
Só o amor próprio me salvara. Só o amor próprio foi hoje meu pai, meu amigo, meu colo, meu sussurro: "Tudo vai ficar bem, tudo vai passar".
O relógio ainda batia a hora cedo e o telefone revoltado, permanecia mudo. Ainda assim, mesmo que o telefone não tocasse, quem não estaria nem ligando seria eu.
(Naquele dia, daquela noite, quem me ligou fui eu.)
Naquele dia, daquela noite eu dormi então com minha merecida paz, que é minha irmã e mora em mim, mesmo que as vezes o caos a expulse... Ela pertence a aqui.
(Naquele dia, daquela noite, eu dormi feito paz.)


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O eu.

Porque de nós dois, ainda restou eu, ainda restou um. De nós dois, pelo menos fiquei comigo aqui.
Por agora, eu seguramente digo que nenhum dos momentos foi verdade, porque eles estão distante daqui, estão separados de mim por uma distância chamada tempo.(...) Talvez eu nem queira mais.
Mas é tudo por agora, por depois não respondo nem por mim, nem por ninguém. Mas nem por mim principalmente. Eu: A inconstância.
Eu acho no mínimo incrível esse contato comigo mesma que o amor próprio me permite ter. Adoro me afogar em mim, faria isso sempre se a carência me deixasse. E quem é essa tal pra pensar que manda ou desmanda em mim? De nós dois, ainda tem eu. De eu e você, restou o eu. E o você também, mas ele tá tão longe quanto o que já passou, então é como se tivesse me escorrido das mãos. Vou cultivar o "eu", ele vale mais.


(Aaaah, se eu fosse marinheiro!)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Eu fujo, finjo que esqueço, desvio o olhar.
(Sinto raiva e depois passa.)
Eu juro só o que é eterno, eu sei o que me é eterno
(Me conheço a fundo, mas as vezes minto.)
Eu me encolho, te mato várias vezes dentro de mim, depois te nasço.
(É porque no fim, tudo é sempre amor)
Eu desisto, eu animo, desanimo e depois amo.
(Tudo se converte.)
Tudo em mim contorce.

Minha alegria e meu cansaço

O tempo passa e a gente lembra daquelas coisas que já não são mais, mas que jurávamos ser tão eternas há tão pouco tempo atrás. O tempo corre e a gente ve que tempo e eternidade se amam e se odeiam, e mais do que isso, são ambos mistérios. A gente aprende a se ponderar, aprende a mergulhar de cabeça, mas aprende também que podemos dar com a cabeça no fundo, e fazer um machucado enorme (ainda que com direito à cura-tempo). Aprende que conselhos de gente mais velha não são bobeira, mas mesmo assim, desprezamos os conselhos de gente mais velha atuais. Parece que gosto muito do sofrimento, que gosto de aprender as coisas pelo lado negro da força, porque é mais marcante, tem mais graça. E eu me conheço: Odeio rotina, odeio comida sem tempero, odeio o morno. Então se for pra aprender, que aprenda com dor, com intensidade, com força.
Esse é o preço de ser o que sou. E todo mundo sabe a dor e a delícia de ser o que é.


(Ainda bem que ninguém é uma coisa só!)

domingo, 15 de agosto de 2010


O que faz X sentido pra mim, pode fazer Y sentido pra ele. Ou seja, não interessa o que você fale, o que você faça, a roupa que você use, o livro que você leia, as pessoas que você se relaciona, porque tudo há sempre de fazer vários sentidos, dependendo da pessoa que interpreta.
Deve ser por isso que vivem nos mandando não nos importarmos com a opinião alheia: Ela é inconstante e veloz. Ela não faz sentido pra quem ouve do lado de cá. Ou faz. Faz vários sentidos, pra diferentes pessoas.
E não adianta, não existe um padrão, porque mais uma vez o padrão pra um, pode não ser o padrão para o outro.
É quase como um precipício, que cabe a nos mesmos sairmos ilesos, sãos. Onde o único jeito de se salvar é ser dono de si e ir na festa com o vestido amarelo porque amarelo é uma cor que você gosta desde que era criança e que te trás alegria. Mesmo que amarelo não esteja na moda, ou que a Fulana da Silva Santos diz ser uma cor que te engorda... O seu sentido graças a Deus é diferente de tudo e sempre será. Se é bonito, então é bonito. Você acha feio? Eu acho bonito. É bonito.



(Irônico, não?)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Depois de correr campos e campos, pararam, fizeram um gesto de como quem precisa parar pra respirar um pouco, se olharam e enfm veio:
- Mas fazer tempestades num copo d'água não muda nada depois, porque eram apenas tempestades num copo d'água, não eram reais.

- Mudam muita coisa. ME mudam. Mudam o que irei sentir depois que elas passarem.
- Claro! Você sempre com essa mania de estragar tudo que vem de fora de teu corpo (e depois ainda quer pôr a culpa em Deus, ou no anjo, ou nas cartas de tarô)
- Eu devo ser mesmo um monstro.
- Paranóica sei que tu és.
- Disso eu sei também!
- De longe acho que sabem disso sobre ti também.
- E o que fazer?

- Rezar pra passar. E vai, você sabe que vai.
- É, vai... Mas vou deixar mais um sofrimento amassado e guardado em algum lugar de mim mais uma vez?
- Eles te amadurecem, e você sabe disso.
- É por essas e outras que eu sempre digo: CRESCER DÓI.
- É, crescer dói.



(...)
em algum lugar do tempo, a história há sempre de continuar.

domingo, 4 de julho de 2010

Pierrots apaixonados


Ah, eu tinha que fazer ?
Tem coisa que só é entendida quando é cantada na voz de um deles, tem que coisa que eu só entendo quando é pensada por eles. Mas sempre todas as coisas condizem, convém e ah... eu gosto é do estrago.
Caras estranhos? yeaaah! Estranhos sim, mas com certeza NÃO ganham aplausos sem querer, porque talham feito artesãos a imagem que eles quiserem.
São eles que dizem coisas quase que ao pé do ouvido, só faltou descobrir o que é o sufoco e o sossego. Mas um dia eu coloco essa casa numa sacola e vou procurar descobrir; São eles que tiram esse azedume de peitos alheios e com respeito sempre tratam nossa dor, aquela dor como que de quem já não sabe mais sorrir em paz, de que já não sabe mais rir um do outro, porque o que resta é chorar...
Em meio à esse som alternativo, que mistura amor com desilusão e um ritmo que só eles tem, eu digo que é um doce amar vocês e talvez nem seja amargo querer vocês pra mim.
Eles sempre sabem ser melhor, viu?



(ah, eu adoro e muito!)